Conhecer a saúde financeira da empresa é fundamental para quem pretende fazer investimentos. O ROE é um dos indicadores financeiros mais importantes nesse sentido e pode ajudar a guiar suas estratégias.
Vale lembrar que para ter certeza de que a empresa está “indo bem” é importante olhar para além do lucro líquido geral. É nesse contexto que o Retorno Sobre o Patrimônio Líquido entra como uma métrica fundamental para investidores.
O que é o ROE, um dos indicadores financeiros mais importantes?
ROE é a sigla para Return On Equity. Em português, Retorno Sobre o Patrimônio Líquido. É uma forma de analisar o quanto essa empresa foi rentável em um determinado período com base nos recursos que ela já possui.
De forma mais simplificada, o ROE mostra para o investidor quanto cada real investido na empresa de fato trouxe de lucro para quem está investindo.
Se trata de uma análise fundamentalista. Análises fundamentalistas são aquelas que estudam a fundo a situação financeira da empresa. Sua principal função é analisar o potencial de crescimento de lucro do negócio.
Ou seja, verificar se aquilo que for investido hoje realmente aumentou com o passar dos meses. Afinal, em geral é isso que faz com que as ações de uma empresa sejam valorizadas ou não no mercado.
Patrimônio Líquido
Para entender como funciona o ROE e porque ele é um dos indicadores financeiros mais importantes precisamos primeiro compreender o sentido de patrimônio líquido.
O patrimônio líquido é aquilo que a empresa possui, sua riqueza. Isso é pautado nos investimentos e tudo aquilo que a empresa de fato detém, como dinheiro em caixa e imóveis, capital social, reservas financeiras etc.
O ROE, por sua vez, considera não somente o investimento feitos pelos acionistas, mas sim todo o lucro que foi gerado no decorrer dos meses a partir desses investimentos.
No entanto, vale ressaltar aqui que as dívidas da empresa não fazem parte de seu patrimônio líquido. Ainda assim, as dívidas precisam ser consideradas quando falamos de ROE. Abordaremos isso logo a seguir.
Como calcular o ROE
O cálculo de Return On Equity é feito a partir da divisão do Lucro pelo Patrimônio Líquido de uma empresa. O período considerado é sempre o dos últimos 12 meses.
Já o patrimônio líquido considerado na hora do cálculo pode variar. É possível considerar três diferentes parâmetros:
- Patrimônio líquido atual;
- Patrimônio médio dos últimos 12 meses;
- Patrimônio líquido inicial dos últimos 12 meses.
Vamos usar um exemplo simples aqui para que você entenda melhor como funciona e como usar esse indicador financeiro na prática.
Imagine um cenário fictício de uma empresa com patrimônio líquido de 114 mil reais. Essa empresa gerou 19,2 mil reais de lucro líquido nos últimos 12 meses. Você vai fazer o seguinte cálculo:
ROE = 19.200/ 114.000
ROE = 17%
Esse é um cálculo simples de ROE e ajuda a entender bem como está a saúde financeira da empresa. Porém, tem um detalhe que precisa ser considerado: essa empresa tem alguma dívida?
O problema das dívidas no cálculo de ROE
Vamos supor que a mesma empresa analisada anteriormente tem uma dívida de 50 mil reais. O ROE dela está em 17%, conforme concluímos na conta.
Porém, os empresários decidiram quitar parte dessa dívida, e pagaram 48 mil, deixando apenas 2 mil reais em pendência. Apesar de a dívida ter diminuído, o ROE vai cair ao invés de aumentar.
Afinal, se a empresa usou o dinheiro para pagar uma dívida, significa que aquele valor já estava comprometido, ele não era dela. O dinheiro pertencia a instituição ou pessoa que que a empresa estava devendo.
É por isso que muitos economistas e estudiosos dizem que a dívida empresarial funciona como uma máscara para o ROE. Empresas endividadas podem apresentar um Returno On Equity superelevado, mas na prática não estão tão bem assim nos negócios.
Os perigos do ROE negativo
O ROE positivo é sempre um bom sinal. Ainda que não seja muito expressivo, ele aponta que a empresa está, sim, gerando lucro em cima daquilo que foi investido por seus acionistas. Isso é bom.
Porém, existe um outro extremo em que empresas apresentam ROE negativo. Quando falamos de indicadores financeiros que analisam a saúde financeira, resultados negativos tendem a ser preocupantes.
O ROE negativo mostra que essa empresa tem mais passivos do que ativos. Ou seja, ela tem mais dívidas do que lucro. Ainda que transforme todo o seu patrimônio líquido em dinheiro, a empresa não daria conta de quitar todas as suas dívidas.
Um ROE negativo é muito comum em situações de recuperação judicial, por exemplo. A Recuperação judicial ocorre quando há uma movimentação judicial para tentar um acordo entre a empresa e todos os seus credores.
Afinal, para quem é essa métrica?
Antes de investir em alguma coisa, é comum se perguntar o quanto de rentabilidade você pode obter naquilo. Afinal, essa é a maior preocupação e a grande expectativa de quem investe: obter lucro.
O ROE e os indicadores financeiros fundamentalistas em geral têm como função justamente responder essa pergunta. Porém, a resposta vem em forma de indicadores práticos, não especulações.
O mercado financeiro é bastante volátil. Pensando nisso, quanto mais dados e informações você reunir a respeito da empresa em que quer investir, melhor.
Quanto maior o Returno On Equity de uma empresa, maiores são as chances de seus ativos serem valorizados. Porém, considere sempre aquela questão da dívida que citamos antes.
É por isso que cabe aqui mais uma dica importante na hora d usar indicadores financeiros: eles devem ser considerados sempre em um contexto, nunca de maneira isolada.
O ROE elevado só faz sentido se a empresa não possui dívidas e está, de fato, com dinheiro “sobrando” em seu caixa. As dívidas vão impactar muito nos valores e podem levar o ROE a um nível baixíssimo.
Você já conhecia esse indicador? Utilizar o ROE é fundamental para quem quer investir com mais segurança e pautado em dados concretos, não apenas em achismos e em possibilidades remotas de rentabilidade.